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Uso da OHB no tratamento de pacientes infectados por COVID19: revisão integrativa da literatura

Pacientes graves com COVID-19 acometidos por pneumonia hipoxêmica apresentam incapacidade de transportar oxigênio e o uso da Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) tem sido sugerida para facilitar a entrada de oxigênio adequado a corrente sanguínea enquanto inibe o processo inflamatório.


Neste contexto, o estudo teve como objetivo de identificar os benefícios e efetividade do uso auxiliar da OHB no tratamento de pacientes infectados com COVID-19 disponíveis na literatura. O estudo é de revisão integrativa, baseado em dados da literatura científica publicados nas bases de dados PubMEd, Embase, Cochrane e LILACS no mês de janeiro 2021. Os estudos foram selecionados a partir do DeCS, com os respectivos descritores e sinônimos: “oxigenação hiperbárica” e “infecções por coronavírus” e no Mesh para o inglês.


Foram selecionados todos os artigos indexados nestas bases de dados que tiverem de acordo com a temática. Não houve restrição de idioma. Foram excluídos estudos de revisão integrativa e de literatura, livros, capítulos e resenhas de livros, manuais, relatórios técnicos e que não possuíam relação com a questão norteadora do estudo. A triagem e seleção dos artigos inclui três estudos na presente análise. O presente estudo sumarizou o que há na literatura atual a respeito do uso da OHB no tratamento de complicações da COVD-19, visando propor estratégias terapêuticas voltadas para o tratamento da COVIDA-19, deste modo contribuir para prática clínica, a literatura atual e fomentando novos estudos.


Os resultados demonstram que o assunto ainda é bastante escasso na literatura atual, evidenciando a necessidade de revisões atualizadas constantemente pois pode haver estudos novos sobre a temática que está em alta nas publicações mundiais. Os estudos incluídos na análise sugerem que a terapia com OHB pode melhorar prontamente a hipoxemia progressiva de pacientes com pneumonia COVID-2019, bem como demonstram a segurança do oxigênio hiperbárico entre os pacientes com COVID-19. Porém sugerem fortemente a necessidade de um ensaio clínico multicêntrico randomizado e bem desenhado para confirmar a hipótese de que a OHB deve ser considerada padrão ouro para manejo das complicações respiratórias da COVID-19.


Introdução


Foi detectada em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, a COVID-19 que pertence a família de vírus que causam infecções respiratórias. Foi classificado como SARS-CoV-2 que significa "Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2" (síndrome respiratória aguda grave de coronavírus 2) devido semelhança com o vírus SARS-CoV, agente causador da epidemia de SARS, em 2002. Seu contágio apresentou um crescimento exacerbado no número de casos, óbitos e países afetados fazendo com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarasse que o evento constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Seu acometimento pode ser associado à doenças respiratórias leves e moderadas, porém em outras cepas do vírus podem causar quadros mais graves, como é o caso da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS).


Para seu tratamento até o momento não há disponível medicamentos que tenham demonstrado eficácia e segurança no tratamento de pacientes infectados, porém há estudos e mandamento e os medicamentos utilizados como objetivo de tratamento devem ser administrados sob protocolo clínico mediante aplicação de termo de consentimento livre e esclarecido.


Como protocolo de tratamento, os serviços de saúde responsáveis pelo tratamento e acolhimento dos pacientes infectados fazendo e acolhimentos dos pacientes infectados fazem uso da cloroquina ou hidroxicloroquina em associação com azitromicina, porém estudos recentemente publicados demonstram que essa associação pode aumentar o risco de complicações cardíacas, provavelmente pelo efeito sinérgico de prolongar o intervalo QT.


Diante desse contexto da ausência de evidência científica favorável ao uso de medicamentos específicos ao SARS-CoV, os serviços de saúde buscam por terapias que tratam e/ou auxiliam nos sintomas provocados pela doença. Uma alternativa que está sendo testada para tratamento em associação a terapia medicamentosa é o uso da oxigenoterapia hiperbárica (OHB), que é caracterizada como uma modalidade terapêutica que consiste na oferta de oxigênio puro (FiO2 = 100%) em um ambiente pressurizado a um nível acima da pressão atmosférica, habitualmente entre duas e três atmosferas.


Sua associação para uso em tratamentos de SARS-CoV ocorre nos casos de ocorrência de Pneumonia Hipoxemia, tida como uma complicação da doença que atinge fortemente os pulmões, o primeiro órgão de contato com a terapia hiperbárica além da pele. É notório que pacientes graves com COVID-19 apresentam incapacidade de transportar oxigênio e a OHB tem sido sugerida como facilitadora da capacidade do oxigênio hiperbárico de penetrar nas secreções pulmonares inflamatórias permite que o oxigênio adequado chegue ao sangue enquanto inibe o processo inflamatório.


Um estudo recentemente publicado evidenciou que o tratamento com repetidas sessões de OHB impediu admissão em unidade de terapia intensiva com ventilação mecânica em um paciente de 69 anos que apresentava sinais de descompensação respiratória por SARS-CoV, pois essa modalidade de oxigenação aumentar drasticamente a quantidade de oxigênio dissolvido no sangue.


Em outras palavras, a OHB não apenas promove o transporte de sangue, como simultaneamente a integra nos tecidos. Além disso, o tratamento OHB possui propriedades imunomoduladoras específicas, tanto humorais quanto celulares, possibilitando, por exemplo, reduzir a intensidade da resposta inflamatória e estimular defesas antioxidantes repetindo sessões. Deste modo, a OHB é considerada segura com muitos poucos eventos adversos.


O hospital Opelousas General localizado no Estados Unidos iniciou a utilização da OHB em pacientes com COVID-19, visto que essa terapia pode ser usada para tratar problemas respiratórios em pacientes com resultado positivo para o vírus. O protocolo de utilização na instituição consiste em quinze minutos para causar pressões atmosféricas. Em seguida, o paciente permanece por uma hora e depois despressuriza por cerca de quinze minutos, totalizando o ciclo total de noventa minutos. De fato, parece essencial propor estratégias terapêuticas com o objetivo de limitar o risco de descompensação respiratória que requer internação em unidade de terapia intensiva para pacientes com pneumonia por SARS-CoV2. Considerando a necessidade da sumarização das evidências científicas voltadas para o tratamento do Covid, o presente trabalho visa contribuir para a literatura atual, bem como fomentar novos estudos e a prática clínica.


Objetivo


Identificar os benefícios e efetividade do uso auxiliar da Oxigenoterapia Hiperbárica no tratamento de pacientes infectados com COVID-19 disponíveis na literatura.


Material e método


Para elaboração deste artigo foi utilizado a metodologia da revisão integrativa da literatura, que busca constatar e sumarizar qual a produção científica disponível acerta da temática em questão, com a finalidade conhecer o que se sabe sobre o assunto e subsidiar novos estudos 10.Para elaboração da revisão, foram concretizadas seis etapas: a primeira etapa foi a definição das questões principais da pesquisa; na segunda etapa foram definidos os critérios de inclusão e exclusão; na terceira etapa foram selecionadas as bases de dados e realizada a busca dos artigos científicas; na quarta etapa foi realizada a análise dos dados; na quinta etapa foi realizado a discussão dos achados e finalmente na sexta etapa a síntese da revisão será apresentada.


A pergunta norteadora desta revisão integrativa compreende a elaboração da pergunta foi: Quais são os benefícios e efetividade do uso auxiliar da oxigenoterapia hiperbárica no tratamento de pacientes infectados com COVID19? Para realizar as buscas nas bases de dados foram utilizados os descritores em saúde disponíveis em Descritores em Ciências da Saúde (DECs) e incluirão “Oxigenação Hiperbárica” e “Infecções por Coronavirus” em português e em inglês utilizarão os mesmos descritores selecionados a partir do Medical Subject Heading (MeSH). A triagem dos artigos elegíveis foi realizada por dois revisores, buscando garantir rigor metodológico na seleção dos artigos nas bases dados. As bases eletrônicas consultas foram: PubMed, Embase, Cochrane e LILACS (consultada no sítio da BVS) até o mês de janeiro de 2021. Foram utilizados estudos publicados e indexados na base de dados acima referidos.


Resultados e discussão


Após pesquisa nas bases de dados eletrônicas de saúde e remoção das duplicatas, foram identificadas 86 referências. Oito artigos eram potencialmente elegíveis para inclusão nesta revisão e, portanto, foram lidos na íntegra. Após leitura e análise crítica, foram selecionados três artigos para análise qualitativa e quantitativa.


Três estudos preencheram os critérios de inclusão e foram inseridos na presente revisão integrativa. Cinco estudos foram excluídos por serem revisão da literatura. Dois estudos localizados são caracterizados como séries de caso e um ensaio clínico. A literatura reporta que o primeiro uso relatado de OHB na doença COVID-19 veio de Wuhan, China.


Cinco pacientes receberam OHB por doença respiratória grave: dois descritos como tendo doença crítica e três com doença grave. O critério primário para OHB foi intubação iminente, ou seja, aumento da necessidade de oxigênio com queda de secura e taquipneia severa. A rápida resolução da taquipneia e correção da hipóxia foi observada em todos os cinco pacientes. Nenhuma complicação relacionada à OHB foi relatada. Nossos achados identificaram que o uso da OHB reduziu a necessidade de ventilação mecânica em pacientes tratados com COVID-19. Além disso, todos os pacientes tiveram rápida resolução de sua taquipneia e melhorou a saturação de oxigênio.


O número de tratamentos hiperbáricos necessários por paciente variou de um a seis, com média de cinco. Menos de uma semana após o último tratamento OHB, três pacientes receberam alta e dois permanecem hospitalizados em condições estáveis. Em um dos estudos de estudo de série de caso incluídos na presente análise, evidenciou que os pacientes tratados com OHB, obtiveram após sete dias de terapia com OHBA a melhora notória da dispneia e falta de ar. Quanto aos exames laboratoriais, a contagem de linfócitos e a proporção correspondente à função imunológica se recuperaram gradualmente. Quanto aos exames de imagem, a tomografia computadorizada de tórax de acompanhamento mostrou que a inflamação pulmonar havia desaparecido claramente.


Quanto as análises do ensaio clínico randomizado, de 20 pacientes tratados com OHB, dois (10%) foram intubados e morreram e nenhum permaneceu hospitalizado. Entre 60 controles de propensão compatível com base na idade, sexo, índice de massa corporal, doença arterial coronariana, 18 (30%) foram intubados, 13 (22%) morreram e três (5%) permanecem hospitalizados (sendo que um ainda necessita de ventilação mecânica.


Quanto as complicações relacionadas ao tratamento com OHB, a literatura incluída na análise não reportou achados. A Sociedade Brasileira de Terapia Hiperbárica (SBMH) e a literatura recomendam que para casos graves de distúrbios diretos com risco de vida, que são indicações para OHB (por exemplo, embolia gasosa, infecção necrosante dos tecidos moles, gangrena gasosa, intoxicação grave por monóxido de carbono) em um paciente com COVID-19 confirmado ou suspeito, a OHB deve ser conduzida somente após cuidadosa avaliação de todos os riscos relacionados à doença primária, comorbidades, possibilidades de transporte e condução segura de sessões de OHB.


Na presente análise há vários fatores limitantes, tais como baixo número de artigos incluídos na análise devido escassez na literatura atual e modelo de estudos disponíveis de baixa qualidade metodológica, sendo a maioria estudos de caso e/ou ensaios clínicos com baixa amostragem.


Considerações finais


O presente estudo sumarizou o que há na literatura atual a respeito do uso da OHB no tratamento de complicações da COVD-19, visando visa propor estratégias terapêuticas voltadas para o tratamento do Covid-19, deste modo contribuindo para prática clínica, para a literatura atual e fomentando novos estudos. Os resultados demonstram que o assunto ainda é bastante escasso na literatura atual, evidenciando a necessidade de revisões atualizadas constantemente pois pode haver estudos novos sobre a temática que está em alta nas publicações mundiais.


Os estudos incluídos na análise sugerem que a terapia com OHB pode melhorar prontamente a hipoxemia progressiva de pacientes com pneumonia COVID-2019, bem como demonstram a segurança do oxigênio hiperbárico entre os pacientes com COVID-19. Porém, sugerem fortemente a necessidade de um ensaio clínico multicêntrico randomizado e bem desenhado para confirmar a hipótese de que a OHB deve ser considerada padrão ouro para manejo das complicações respiratórias da COVID-19.


Artigo original em inglês aqui

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